A Prefeitura de Curitiba está reelaborando o Plano de Contingência das administrações regionais para atender a população em possíveis emergências provocadas por causas naturais (alagamentos, inundações, vendavais e erosões), humanas ou mistas, que possam causar prejuízos sociais e econômicos, como ocorreu nas últimas semana com chuva. As administrações regionais têm prazo de um mês para apresentar seus Planos de Contingência à Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (COMDEC), subordinada à Secretaria Municipal de Defesa Social.
A Defesa Civil iniciou nesta última sexta-feira (28) um trabalho de orientação, que fará em cada administração regional para as equipes, sobre como agir nessas ocorrências e para reforçar a importância de se preparar o plano. A primeira reunião foi realizada na Regional Matriz, que tem seu Plano de Contingência elaborado e deverá servir de modelo para as outras oito regionais. Todas as secretarias municipais estão envolvidas nas comissões especiais: de abrigos, depósitos e donativos; segurança; alimentação; saúde; transporte e comunicação, vistoria e de voluntariado; além do Núcleo Comunitário de Defesa Civil (NUDEC) a exemplo do NuDec-Bairro Alto, que deverá abrigar lideranças comunitárias ou locais para atuar nas ocorrências. Em caso de necessidade, cada administrador regional assume a função de subsecretário de Defesa Civil. Junto com suas equipes, terão a responsabilidade de prestar atendimento à população dos bairros abrangidos pela regional competente, sob a coordenação geral da Defesa Civil.
"O objetivo é integrar toda a prefeitura de forma organizada. Não adianta todo mundo ir para a área atingida. É preciso ter pessoas no posto de comando e na área as equipes ficam a postos, conforme planejado, para que as pessoas sejam atendidas da melhor forma e o mais rapidamente possível", afirma o chefe de operações da Coordenadoria de Defesa Civil, Nelson Ribeiro.
Chuva
Com previsão de chuva para os próximos dias, o Plano de Contingência é fundamental para enfrentar essas situações, como a que ocorreu nas últimas semanas em que muitas pessoas e regiões tiveram que ser atendidas simultaneamente. Em seis dias, entre 20 e 26 de junho, a chuva, com índices pluviométricos três vezes superior ao normal, afetou 8.545 pessoas, 2.346 pessoas foram atingidas, 860 pessoas ficaram desalojadas e 258 desabrigadas em Curitiba, de acordo com registros da Defesa Civil. São consideradas desalojadas as pessoas que deixam suas moradias e se transferem para a casa de terceiros, parentes e amigos, e desabrigadas são as pessoas que ficam sem abrigo e necessitam ser alojadas em locais disponibilizados pelo poder público.
"Precisamos fazer o plano o mais rápido possível e bem feito. Estamos lidando com a coisa mais séria: a vida das pessoas. Tratamos do patrimônio delas. Qualquer ato nosso de omissão pode ter sérias consequências", enfatizou o administrador da Regional Matriz, Maurício Figueiredo Lima Neto. Nelson Ribeiro diz que, se não houver um planejamento, é mais trabalhoso chegar às respostas necessárias no momento de gerenciar as ocorrências.
Socorro
Ter a informação correta e disponível é um dos pontos essenciais para respostas rápidas e eficazes. Segundo Lima Neto, na hora do atendimento é ?fundamental? ter atualizados os endereços, os nomes e os contatos das pessoas que dão acesso aos equipamentos de segurança e socorro, aos kits emergenciais e aos locais de abrigo. ?Precisamos buscar parcerias com as comunidades para ampliar a rede de possíveis abrigos, sem contar apenas com as escolas para não atrapalhar as aulas, como também para a doação de produtos e alimentos de primeira necessidade?, complementa Ribeiro. Cobertores, colchões, calçados, roupas e fraldas estão entre os produtos de doações habitualmente solicitados.
O coordenador de Defesa Civil ressalta que toda Regional deve providenciar alimentação para atender aos desabrigados, lembrando que não pode faltar água entre os itens. Além de outras determinações, a Lei Municipal número 11.645, de 2005, que trata do tema, estabelece que é necessário planejar ações que possibilitem uma rápida preparação e distribuição de alimentos a serem servidos. O hipoclorito de sódio, ou a água sanitária, é outro item essencial em alagamentos e inundações. Liberada pela Vigilância Sanitária com uma concentração de 2,5%, a substância deve ser utilizada na limpeza, após o escoamento da água, das áreas atingidas - para evitar doenças como a leptospirose - e na assepsia da água para consumo humano. Os técnicos orientam que, para torná-la potável, devem ser utilizadas duas gotas de hipoclorito para cada litro de água e as pessoas devem aguardar 30 minutos para consumi-la. O hipoclorito, nessa concentração, também pode ser adquirido em farmácias.
Para liberar o escoamento da água e minimizar os efeitos das grandes precipitações pluviométricas, o coordenador da Defesa Civil diz que é importante planejar limpezas preventivas, que podem ser feitas em ações de mutirões, principalmente em áreas de risco, como córregos e fundos de vale. "Nestas últimas semanas de chuva, não tivemos grandes problemas na Regional Matriz porque realizamos a manutenção e a limpeza de bueiros", argumentou o administrador regional. O coordenador de Defesa Civil analisou que a população pode auxiliar na limpeza das áreas e com práticas conscientes, como não jogar lixo em córregos e rios e na manutenção da permeabilidade do solo: "Apesar da Prefeitura exigir que seja reservada uma área de permeabilidade nas áreas construídas, o solo está se tornando muito impermeabilizado. É preciso manter áreas de permeabilidade." Alguns parques, como Barigui, Tanguá e Tingui, foram criados para receber e conter as águas dos rios durante as cheias.
Outra linha de ação da Prefeitura é em relação a obras em leitos de rios. Com o objetivo de diminuir os alagamentos que atingem algumas regiões afetadas pelo Rio Barigui, a Secretaria Municipal de Obras está intervindo na CIC, um dos bairros mais afetados pela chuva nas últimas semanas. Serão investidos R$ 150 milhões para fazer o alargamento e o aprofundamento do leito do Rio Barigui, o que deverá aumentar a capacidade de vazão da água e resolver o problema das enchentes provocadas pelo rio. A extensão total da obra é de 22 quilômetros e vai atingir toda a bacia do Barigui, até o Rio Iguaçu, onde deságua. A previsão da secretaria é a de que a obra seja concluída no próximo ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário